Falta de habilidade
política levou Dilma a perder mandato, apontam especialistas
- 31/08/2016
19h53
- Rio
de Janeiro
Alana Gandra e Vladimir Platonow - Repórteres da Agência
Brasil
O
perfil técnico e a falta de habilidade política foram alguns dos motivos que
levaram Dilma Rousseff a perder o mandato, conforme avaliação de cientistas
políticos e historiador ouvidos pela Agência Brasil.
Para
o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, o fato de Dilma ter sempre
ocupado cargos técnicos em sua carreira - ela nunca tinha sido eleita para
função política antes de ser presidenta - acabou prejudicando seu
relacionamento com senadores e deputados. Durante o período em que presidiu o país,
Dilma chegou a ser alvo de críticas de parlamentares por ter um perfil
gerencial e não dialogar com o Congresso Nacional.
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“A
Dilma fez carreira na burocracia de Estado. Foi secretária estadual no Rio
Grande do Sul, depois foi ministra do Lula. Ela nunca disputou eleição antes,
nunca esteve no Parlamento. O Lula a escolheu para ser candidata e, com a
popularidade que ele tinha na época, qualquer um que ele escolhesse também
ganharia”, disse Ismael. "Ela se acostumou a assumir cargos
gerenciais e para isso o seu temperamento, de dar bronca e de dar ordem,
funciona. Mas não funciona no mundo da política, no qual você não dá ordem a um
líder nem a um partido. Você procura mobilizar e liderar. E aí há uma diferença
gritante entre o perfil dela e o do Lula. Ele se sente à vontade entre os
políticos, mas Dilma não”.
O
também cientista político Francisco Carlos Teixeira, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que Dilma não era inicialmente talhada para o
cargo e só assumiu por causa do afastamento de candidatos naturais do PT, entre
eles José Dirceu e Antônio Palocci, envolvidos no escândalo do
mensalão. “De fato, ela não era talhada para o cargo. Para não rachar o
partido, o Lula escolheu uma pessoa com formação técnica e sem nenhuma prática
de negociação política”, recordou Teixeira.
Para
o historiador Oswaldo Munteal, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), independentemente
da vontade de Dilma, ela precisava de uma base parlamentar para dar
continuidade aos programas de governo, “sobretudo nesse regime que nós estamos
vivendo de um governo compartilhado”. O historiador considera que o afastamento
definitivo de Dilma Rousseff coloca o país em um momento de incerteza.
Edição: Carolina Pimentel
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