Número de atletas militares brasileiros nos Jogos é
o maior da história
- 06/08/2016 17h22
- Rio de Janeiro
Cristina
Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil
O atleta do Exército Felipe Almeida Wu, de 23 anos,
alcançou a primeira medalha para o Brasil, de prata, na prova de pistola de ar
10 metros Valdrin Xhemaj/Agência Lusa/Direitos Reservados
Os Jogos Rio 2016 têm o maior
número de atletas militares brasileiros da história das Olimpíadas. São 145
atletas, entre os 465 que integram a delegação, com a perspectiva de conquistar
dez medalhas, em 27 modalidades esportivas. Na Olimpíada de Londres, em 2012,
de uma delegação de 259 atletas, 51 eram militares, que competiram em 12
modalidades, entre elas atletismo, esgrima, tiro, natação, pentatlo, judô é
taekwondo. Naquele ano, eles conseguiram 5 medalhas, incluindo a de ouro da
judoca Sarah Menezes. Nos jogos atuais, no Brasil, só no judô 100% dos atletas
são militares, sendo sete homens que integram o quadro temporário do Exército e
sete mulheres que são da Marinha.
“Tenho esperança de medalhas em
todas, mas se tivesse que apontar as modalidades em que nós temos expectativas
mais favoráveis, eu diria, vela, judô, no tiro e vôlei de praia”, disse à Agência
Brasil o diretor do Departamento de Desporto Militar do Ministério da
Defesa, almirante Paulo Zuccaro. “Agora diversificamos e estamos presentes em
outras modalidades”
O diretor afirmou que o número de
militares nos Jogos de 2016 foi além da expectativa. “Tínhamos que ter colocado
100 atletas na delegação e ultrapassamos em 45% esta meta, que já era
ambiciosa. Estamos muito felizes e é um indicador claro do sucesso do nosso
programa. É a qualidade deste programa que permitiu o crescimento tão
importante assim”, disse.
Os atletas fazem parte do
Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) do Ministério da Defesa e recebem a
remuneração mensal em torno de R$3,2 mil, por causa da graduação, na maioria
deles, de terceiro sargento. “Eles também podem ter outras fontes de recursos,
por exemplo, muitos deles também recebem a bolsa atleta e não há nenhum
inconveniente nisso. Outros têm patrocínios de empresas e estas coisas compõem
o total da remuneração deles. Não há nenhuma proibição de que tenham outras
fontes de renda”, informou.
Para o diretor o crescimento no
número de atletas foi resultado também da parceria entre os ministérios da
Defesa e do Esporte, que investe nas instalações esportivas. “Isso também é
determinante para o sucesso do programa”.
O almirante acrescentou que, além
deste salário, o atleta pode ter uma bolsa atleta e, ainda, patrocínio. Para o
diretor, mais do que a questão salarial, para o atleta é importante a
infraestrutura de que dispõe nas unidades das Forças Armadas. “Temos uma
retaguarda em apoio, com serviço de assistência médica muito bom, das três
Forças Armadas, e as instalações esportivas são excelentes. Temos apoio de
fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogo. Toda parte de ciência do esporte
está disponível para esses atletas”, afirmou. “Não é apenas a questão salarial,
mas tudo mais que a gente pode fazer por esses grandes brasileiros, por esses
atletas que estão dando essa contribuição para o esforço olímpico nacional”.
Atletas de alto rendimento
A jogadora Wélissa de Souza
Gonzaga, a Sassa, que já fez parte da seleção brasileira de vôlei de quadra, é
uma das atletas de alto rendimento das Forças Armadas. Ela afirmou que esperou
ser publicado o edital para concorrer a uma vaga no Exército e agora está
ansiosa para poder participar dos Jogos Mundiais Militares. Para a jogadora,
que entrou para o programa este ano e ainda tem prazo para permanecer por mais
oito, é bom ser atleta militar, porque além de contar com a estrutura, pode
conciliar a vida com o clube.
“Eu encerrei o meu ciclo com a
seleção brasileira de vôlei, então é uma oportunidade que eu tenho de disputar
campeonatos internacionais. A gente sabe da força que têm os jogos mundiais
militares, é uma competição que para mim é uma mini-olimpíada, reúne várias
modalidades e atletas do mundo inteiro. É uma motivação a mais para a minha
carreira.”
Para quem disputou duas
olimpíadas, agora é o momento de torcer pela seleção do lado de fora da
competição. “Para mim agora só resta torcer. Tive oportunidade de disputar duas
olimpíadas, foram fantásticas, em 2004 e 2008, e é uma experiência que é o
momento maior de todo atleta. A gente sabe que vai existir a cobrança, aqui no
Brasil. É a maior delegação já enviada para uma Olimpíada. Espero que o Brasil
faça um bom papel, que corra tudo bem nessa olimpíada e que venham muitas
medalhas.
O triatleta Juraci Moreira, que
participou das Olimpíadas de 2000, 2004 e 2008 também é um atleta militar de
alto rendimento. Ele informou que, desde 2009, conta com a estrutura do Centro
de Treinamento do Exército, na Urca, zona sul do Rio. Além disso, destacou a
decisão do Time Brasil de considerar o centro como o principal local para
treinamento dos atletas da delegação brasileira. “Esse cuidado de ter um local
reservado vai fazer diferença na fase de competição., A gente fala muito de
legado e tudo que está aqui é um legado. Vai ficar para as próximas gerações”,
disse. Juraci já está indo para o último ano do programa.
De acordo com o Ministério da
Defesa, para garantir uma delegação competitiva na 5ª edição dos Jogos Mundiais
Militares, em 2011, no Rio de Janeiro, a Marinha e o Exército incorporaram em
seus quadros os atletas do Time Brasil. O resultado foi a conquista do primeiro
lugar no quadro de medalhas, com 114 medalhas dentre os 111 países
participantes. Conforme o ministério, atualmente, 670 militares fazem parte do
programa, sendo que 76 são militares de carreira e outros 594 temporários. “Nós
hoje já somos potência militar desportiva. O Brasil divide com a China e a
Rússia o lugar mais alto dos países de elevado nível no desporto militar”,
disse o diretor.
Paralímpicos
O almirante afirmou que não
existem atletas para competir nos Jogos Paralímpicos. Segundo ele, as Forças
Armadas estão começando um programa para militares com deficiência física
adquirida e este pode ser o caminho para no futuro ter atletas paralímpicos
entre os militares. “É um projeto que está muito no seu início. Hoje tem como
componente principal a questão social, mas se o projeto prosperar, e a gente
conseguir descobrir talentos neste projeto, certamente ofereceremos ao desporto
paralímpico”, acrescentou.
Edição: Maria
Claudia
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