Aposta em
energias renováveis pode elevar PIB global em 1,1% até 2030
Brasil e México estão entre os
países cujo crescimento poderia ultrapassar 1%
Abu Dabi 16 JAN 2016 -
14:29 BRST
Elevar em 36% o peso das energias renováveis
aumentaria o PIB global em 1,3 trilhão de dólares (5,3 trilhões de reais) ou
1,1%, de acordo com um estudo apresentado neste sábado na 6a Assembleia da Agência Internacional de
Energias Renováveis (IRENA). Esse montante, equivalente às economias
combinadas do Chile, África do Sul e Coreia do Sul, é a primeira estimativa do
impacto da transição energética, caso fosse possível duplicar a porcentagem das
energias renováveis no total da matriz até 2030 em relação a 2010.
Complexo Eólico Ventos de Santa Brígida, em
Pernambuco. A. Moreira/SEI
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"Esta análise oferece uma
prova convincente de que alcançar a transição energética necessária não só
reduzirá a mudança climática, mas também vai estimular a
economia, melhorar o bem-estar humano e promover seu uso no mundo", disse
o diretor-geral da IRENA, Adnan Z. Amin, durante a apresentação neste sábado do
relatório Benefícios da Energia Renovável: Dados Econômicos. Em
sua opinião, o desafio após a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP21),
realizada em Paris em dezembro passado, é "criar um ambiente de negócios
atraente que incentive o investimento" do setor privado em energia
renovável.
Para este fim, o estudo também
analisa o impacto concreto de acordo com os países. Segundo esse tópico, o
Japão, que acaba de ceder a presidência da agência para o Egito, seria o país
que mais se beneficiaria com essa aposta nas energias renováveis, com um impacto
de 2,3% em seu PIB. Alemanha, Austrália, Brasil, Coréia do Sul, México e África
do Sul teriam um crescimento acima de 1%.
"O impacto é maior nos
países que são mais ambiciosos nesse campo", destacou Rabia Ferroukhi,
responsável por políticas da IRENA que coordenou o relatório. Para esta
especialista, é importante que as energias renováveis sejam "interessantes
do ponto de vista econômico". E também que os Governos "adotem
políticas para facilitar os investimentos".
O efeito sobre o bem-estar seria
três ou quatro vezes maior, segundo os autores, que mencionam uma longa lista
de benefícios sociais e ambientais. A estimativa destaca que o número de postos
de trabalho no setor subiria dos atuais 9,2 milhões para 24 milhões em todo o
mundo até 2030. Desse total, 9 milhões estariam na indústria de
biocombustíveis, 6,4 milhões no setor de energia solar, 5,5 milhões em energia
eólica e o restante em outras energias renováveis.
Além disso, haveria uma mudança
nos padrões de comércio, já que as importações globais de carvão caíram pela
metade, assim como as de petróleo e gás, algo especialmente atraente para
importadores como a União Europeia, Japão ou Índia. Segundo o estudo, no
entanto, os exportadores de combustíveis fósseis, como o anfitrião, Emirados
Árabes Unidos, e seus vizinhos, também se beneficiariam com a diversificação de
suas economias.
"Reduzir a mudança climática
através das energias renováveis é atingir outros objetivos socioeconômicos, já
não é uma escolha entre um ou outro", disse Amin. "Devido às
oportunidades de negócio representadas pelas renováveis, o investimento em um é
o investimento em ambos", defendeu, resumindo o espírito do fórum.
Representantes de 150 países e
140 organizações internacionais se reuniram neste fim de semana, em Abu Dabi,
para participar da 6ª Assembleia da IRENA, com foco no papel das energias
renováveis para combater as mudanças climáticas. Esta primeira reunião
intergovernamental após a cúpula de Paris pretende definir a agenda global
nesse campo, e tomar medidas concretas para acelerar a transição para o uso
dessas energias. A agência espera que os novos dados convençam seus membros da
necessidade de "passar da negociação para a ação" na redução
das emissões de CO2.
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