Bancos mantêm trajetória de aumento da
rentabilidade, diz BC
Publicado em 11/04/2019 - 11:30
Por Kelly
Oliveira – Repórter da Agência Brasil Brasília
O sistema
bancário manteve a trajetória de aumento da rentabilidade no segundo semestre
de 2018, alcançando níveis pré-crise. A avaliação é do Banco Central (BC), no Relatório
de Estabilidade Financeira, publicação semestral que descreve a evolução do
Sistema Financeiro Nacional. O Retorno
sobre o Patrimônio Líquido, indicador que mede a rentabilidade do dinheiro
investido pelos acionistas do sistema bancário alcançou 14,8% em dezembro de
2018, com aumento de 0,4 ponto percentual em relação a junho de 2018. Em
dezembro de 2017, estava em 13,6%. Esse é o maior resultado para dezembro desde
2011, quando estava em 16,5%. No caso dos bancos públicos, o indicador chegou a
12,8% no final do ano passado. Já os bancos privados tiveram um índice maior:
15,6%.
De acordo
com o relatório, nos últimos dois anos, os bancos públicos apresentaram um
ritmo mais rápido na evolução dos resultados, atingindo níveis de rentabilidade
mais próximos aos dos bancos privados. Segundo o BC, a melhora da rentabilidade
do sistema bancário, que ocorreu apesar da redução dos resultados de tesouraria
e da estagnação das carteiras de crédito para as empresas, pode ser explicada
principalmente pela redução das despesas de provisão (dinheiro reservado para o
caso de inadimplência) e dos custos de captação de dinheiro pelos bancos e
pelos ganhos de eficiência operacional.
Segundo o
BC, a retomada do crédito, sobretudo no segmento de pessoas físicas e pequenas
e médias empresas, deve ser positiva para o resultado dos bancos. “Outro fator
importante que pode beneficiar os resultados é o melhor nível de eficiência
operacional, diante dos esforços para contenção das despesas administrativas e
da tendência de digitalização de serviços bancários”, diz o relatório.No
entanto, o BC destaca que é esperada desaceleração do atual ciclo de redução
das despesas de provisão, o que, somado à manutenção dos menores lucros em
intermediação com títulos e valores mobiliários, tende a estabilizar o
resultado.
O BC
acrescenta que os bancos de menor porte dos segmentos de crédito atacado – que
atuam com operações de crédito e exposições de risco em empréstimos destinados
a pessoas jurídicas com saldos de operações acima de R$1 milhão – foram
“atingidos de forma relevante pelo ambiente desfavorável no segmento de grandes
empresas”. Além
disso, as atividades de tesouraria e de investimento (títulos, operações
compromissadas e investimentos) foram pressionadas pelo menor nível da Selic. “De
forma geral, a perspectiva é de desaceleração da trajetória de aumento da
rentabilidade, mas sem representar riscos para a estabilidade financeira do
sistema bancário, dados os atuais níveis”, diz o relatório.
Receitas com serviços
De acordo
com o relatório, as receitas com serviços mantiveram crescimento, mas
apresentaram desaceleração em relação ao semestre anterior. “Continuam
importantes os incrementos em rendas de tarifas bancárias e em serviços de
cartões”, diz o BC. Em dezembro de 2018, as receitas com tarifas bancárias
chegaram a R$ 48,1 bilhões e com os cartões, R$ 64,8 bilhões.
“As
rendas provenientes de administração de fundos ainda apresentaram crescimento,
mas em menor ritmo, sendo que o aumento no atual período foi proveniente
sobretudo de administração de fundos e programas sociais, normalmente geridos
pelos bancos públicos”, diz o relatório. As receitas com administração de
fundos e mercado de capitais ficaram em R$ 30 bilhões, ao final do ano.
Lucro recorde
Em 2018,
o lucro dos bancos alcançou o valor recorde para o plano Real de R$ 98,5
bilhões. “É o maior lucro nominal da história. Hoje o patrimônio do sistema
financeiro está em R$ 800 bilhões. Esse crescimento do lucro está mais
relacionado com a redução das despesas de provisão”, disse o diretor de
Fiscalização do BC, Paulo Souza. Segundo ele, em 2018 comparado ao ano
anterior, houve redução de R$ 20 bilhões em despesas de provisão.
De acordo
com o diretor, o processo de concentração bancária, com poucos bancos atuando
no país, foi inevitável “mundo afora em função da crise [econômica
internacional]. “O que o Banco Central vem defendendo é que independe de haver
concentração ou não, tem que haver concorrência”, disse. Souza acrescentou a
própria rentabilidade do sistema deve atrair novos investidores para o mercado.
Edição: Maria Claudia
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