Produção
industrial tem queda de 9,8% de janeiro a maio
- 01/07/2016 09h41
- 01/07/2016 12h20
- Rio de Janeiro
Nielmar
de Oliveira - Repórter da Agência Brasil
Produção industrial teve expansão zero em maio
Arquivo/Agência Brasil
Depois de dois meses consecutivos
de crescimento (1,4% em março e 0,2% em abril), a produção industrial
brasileira fechou o mês de maio com expansão zero (0%, em relação ao mês
imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais). Com o
resultado de maio, a produção industrial acumulada nos cinco primeiros meses do
ano continuou negativa, fechando o período janeiro-maio com queda de 9,8%.
Os dados da Pesquisa Industrial
Mensal – Produção Física Brasil foram divulgados hoje (1º) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE. Na série sem ajuste sazonal,
confronto com igual mês do ano anterior, o total da indústria encerrou maio
deste ano em queda de 7,8%, a 27ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de
comparação e mais elevada do que a retração de 6,9% verificada em abril último,
na mesma base de comparação.
Já a taxa anualizada, indicador
acumulado nos últimos 12 meses, fechou maio deste ano com a queda de 9,5% e
praticamente repetiu o recuo de 9,6% registrado em março e abril, quando
mostrou a perda mais intensa desde os 10,3% de outubro de 2009.
Setores pesquisados
Apesar do crescimento nulo na
produção industrial brasileira de abril para maio deste ano, na série livre de
influências sazonais, houve expansão no parque fabril do país, entre um período
e outro, em 12 dos 24 ramos analisados, com destaque para o avanço de 4,8%
registrado por veículos automotores, reboques e carrocerias.
Segundo o IBGE, outras
contribuições positivas sobre o total da indústria vieram de perfumaria,
sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (3,6%), de indústrias
extrativas (1,4%) e de metalurgia (3,4%).
A pesquisa destacou, ainda, os
resultados positivos assinalados por outros equipamentos de transporte (9,5%),
bebidas (2,2%), celulose, papel e produtos de papel (2%), equipamentos de
informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,3%) e produtos de borracha e de
material plástico (2%).
Em contrapartida, entre os ramos
que fecharam maio em queda em relação a abril, o IBGE destacou produtos
alimentícios (-7%), e de coque, produtos derivados do petróleo e
biocombustíveis (-8,2%).
Categorias econômicas
Entre as cinco grandes categorias
econômicas, o IBGE constatou, entre abril e maio, crescimento em duas, queda em
outras duas e resultado nulo (0%) em outra. Os dados indicam que o principal
destaque entre as categorias com resultados positivos veio de bens de consumo
duráveis (avanço de 5,6% em relação a abril, interrompendo quatro meses
consecutivos de queda na produção, período em que acumulou retração de 13%).
Também com expansão na série dessazonalizada, o item bens de capital fechou
positivo em 1,5%.
Já entre as duas grandes
categorias que fecharam negativamente, a maior queda deu-se em setores
produtores de bens de consumo semi e não duráveis, com retração de 1,4%, entre
abril e maio, e em bens intermediários (-0,7%). No primeiro caso, foi a segunda
retração consecutiva na produção; e no segundo, o segmento de bens
intermediários voltou a recuar após crescer 0,5% em abril.
Queda acumulada
Os dados da Pesquisa Industrial
Mensal – Produção Física Brasil indicam que a queda acumulada de 9,8% nos
primeiros cinco meses de 2016, frente a igual período de 2015, tem perfil
disseminado, com redução em quatro grandes categorias econômicas, 23 dos 26
ramos, 63 dos 79 grupos e 75,4% dos 805 produtos pesquisados apontaram redução
na produção.
A maior queda foi verificada na
atividade de veículos automotores, reboques e carrocerias: 24,2%. Outras
contribuições negativas relevantes sobre o total nacional vieram de máquinas e
equipamentos (-18,3%), de metalurgia (-13,4%), de equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos (-29,8%), de produtos de metal (-15,6%), de
produtos de borracha e de material plástico (-12,8%) e de coque, produtos
derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,2%).
Já entre as das 26 atividades que
ampliaram a produção nos cinco primeiros meses de 2016, a principal influência
foi observada em produtos alimentícios (2,7%). Os demais resultados positivos
foram registrados pelos setores de celulose, papel e produtos de papel (3,1%) e
de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (2,4%).
Nas grandes categorias
econômicas, a maior queda ocorreu no setor de bens de consumo duráveis, com
retração de 24,7%, seguido de bens de capital, com menos 23%. No caso de bens
de consumo duráveis, a maior pressão veio da redução na fabricação de
automóveis (-24,4%) e de eletrodomésticos (-27,7%).
Três meses sem queda
Pela primeira vez desde 2012, a
produção industrial brasileira encerra três meses consecutivos sem queda. Em
2012, a produção teve cinco meses consecutivos de expansão – de abril a agosto.
Na avaliação do gerente de
coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, o cenário dos últimos meses se
apresenta melhor do que o de 2015 , embora o setor ainda não sinalize uma
“reversão de tendência”.
Para ele, “essa sequência
positiva e esse período de maior intensidade para a produção industrial não
revertem quedas passadas. Mas, embora o resultado seja ainda negativo na taxa
acumulada ao longo do ano, o cenário de queda é mais intenso e o aprofundamento
da trajetória descendente da produção industrial parece ter ficado para trás.
São três meses sem resultados negativos, um cenário diferente do que se viu no
ano passado”, disse.
(*) Texto alterado às 12h20
para acréscimo de informações
Edição: Kleber
Sampaio
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