Baterias
ecológicas: Três tecnologias baratas e duráveis
Redação
do Site Inovação Tecnológica - 27/03/2017
Verde de bilhões de dólares
Enquanto as baterias dos
aparelhos eletrônicos retomam sua indesejável mania explosiva, sem alternativas
à vista à atual tecnologia de íons de lítio, um outro campo do armazenamento de
energia continua florescendo com um vigor invejável.
As baterias estacionárias estão
sendo desenvolvidas para atuar junto à rede elétrica, guardando grandes
quantidades de energia de forma química, em grandes tanques.
Isso deverá amenizar o problema
da intermitência das fontes renováveis de energia
e abrir caminho para a geração distribuída, em que cada consumidor poderá se transformar
em um produtor de energia.
Como a geração nessas duas fontes
pode ser errática, as baterias líquidas - nas quais a energia é guardada
não na própria bateria, mas em tanques - deverão eliminar as oscilações e
garantir que a rede de distribuição receba sempre um suprimento constante de
eletricidade.
Como é um setor emergente, tem
havido uma preocupação de que ele já nasça mais verde do que as fontes de
energia que deverão ser substituídas, e pelo menos tão ecológico quanto as
fontes solar, eólica ou das ondas e marés. Aqui estão três dessas novas
tecnologias estão se candidatando para ocupar essa posição. Quem vencer, deverá
herdar um mercado na casa das centenas de bilhões de dólares.
Bateria de água do mar
Com
vistas ao uso residencial, a equipe está usando sua célula básica (esquerda) para
construir pequenas baterias de água do mar (direita). [Imagem: UNIST]
Os engenheiros do Instituto de
Ciência e Tecnologia de Ulsan, na Coreia do Sul, estão trabalhando em uma
bateria que usa água do mar.
A bateria usa sódio como meio de
armazenamento da eletricidade. A vantagem é que o uso da água do mar reduz o
risco de incêndios, já que essa tecnologia exige temperaturas de funcionamento
muito elevadas, na casa das centenas de graus.
Como não exige nenhuma fonte
externa de energia para funcionar, exceto a água e o sal, a bateria sul-coreana
poderá ser fabricada em escala menor, podendo servir a indústrias e até
residências, e como sistema de suprimento de energia de emergência.
Para demonstrar essa
possibilidade, além dos protótipos em larga escala, a equipe pretende construir
versões portáteis, capazes de produzir cerca de 20 Wh - para comparação, uma
família de quatro pessoas consome cerca de 10 Wh por dia.
Bateria atóxica e não-corrosiva
No
protótipo a energia está em frascos minúsculos - na prática deverão ser tanques
do tamanho dos usados em refinarias. [Imagem: Kaixiang Lin]
A equipe da Universidade de
Harvard, nos EUA, está apostando em uma bateria de fluxo redox que armazena a
eletricidade em moléculas orgânicas dissolvidas em água com pH neutro.
Essa nova química permite
fabricar uma bateria não-corrosiva e atóxica com um tempo de vida
excepcionalmente longo
O protótipo funcionou por mais de
1.000 ciclos perdendo apenas 1% de sua capacidade original, menor até do que as
baterias de lítio.
"Como conseguimos dissolver
os eletrólitos em água neutra, esta é uma bateria de longa duração que você
poderia colocar em seu porão. Se ela vazar no chão, não vai corroer o concreto,
e, como o meio é não-corrosivo, você pode usar materiais mais baratos para
construir os componentes das baterias, como os tanques e
bombas," disse o professor Roy Gordon.
Bateria de ureia
Para construir sua biobateria,
Michael Angell e Hongjie Dai, da Universidade de Stanford, nos EUA, estão
apostando na ureia, o mesmo composto usado para fabricar fertilizantes.
"Então, essencialmente, o
que você tem é uma bateria feita com alguns dos materiais mais baratos e mais
abundantes que você pode encontrar na Terra. E ela de fato tem bom
desempenho," disse Dai. "Quem teria pensado que você poderia pegar
grafite, alumínio, ureia e construir uma bateria que pode ciclar por um tempo
bastante longo?"
O protótipo de demonstração da
bateria carrega em 45 minutos e já suportou milhares de ciclos. O objetivo da
equipe é chegar a uma versão que possa durar por pelo menos 10 anos, para
justificar os investimentos em sistemas de armazenamento de energia em larga escala.
Bibliografia:
A Neutral pH Aqueous Organic/Organometallic Redox Flow Battery with Extremely High Capacity Retention
Eugene S. Beh, Diana De Porcellinis, Rebecca Gracia, Kay Xia, Roy G Gordon, Michael Aziz
Energy Letters
Vol.: 114 (5) 834-839
DOI: 10.1021/acsenergylett.7b00019
High Coulombic efficiency aluminum-ion battery using an AlCl3-urea ionic liquid analog electrolyte
Michael Angell, Chun-Jern Pan, Youmin Rong, Chunze Yuan, Meng-Chang Lin, Bing-Joe Hwang, Hongjie Dai
Proceedings of the National Academy of Sciences
DOI: 10.1073/pnas.1619795114
A Neutral pH Aqueous Organic/Organometallic Redox Flow Battery with Extremely High Capacity Retention
Eugene S. Beh, Diana De Porcellinis, Rebecca Gracia, Kay Xia, Roy G Gordon, Michael Aziz
Energy Letters
Vol.: 114 (5) 834-839
DOI: 10.1021/acsenergylett.7b00019
High Coulombic efficiency aluminum-ion battery using an AlCl3-urea ionic liquid analog electrolyte
Michael Angell, Chun-Jern Pan, Youmin Rong, Chunze Yuan, Meng-Chang Lin, Bing-Joe Hwang, Hongjie Dai
Proceedings of the National Academy of Sciences
DOI: 10.1073/pnas.1619795114