Delegado
não é mais responsável por investigar estupro coletivo, diz MP
- 29/05/2016 12h45
- Rio de Janeiro
Nielmar
de Oliveira – Repórter da Agência Brasil
Polícia
na busca de responsáveis pelo estupro coletivoArquivo/Agência Brasil
O Ministério Público determinou,
na madrugada deste domingo (29), o desdobramento do inquérito. Assim, Delegacia
de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), cujo titular é Alessandro
Thiers, ficará encarregada de investigar o vazamento das imagens do estupro nas
redes sociais, enquanto que o caso envolvendo o estupro coletivo da menor vai
para a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV).
A advogada Eloisa Samy Santiago,
que defende a menor de 16 anos que sofreu estupro coletivo há uma semana no
Rio, comemorou nas redes sociais. “O delegado Alessandro Thiers, da DRCI, não é
mais o encarregado pela investigação do estupro coletivo!, disse, em post no
Facebook, sob o título "Vitória das Mulheres".
O estupro coletivo ocorreu há
cerca de uma semana, no morro São José Operário, em Jacarepaguá, na zona
oeste da cidade. Um vídeo mostrando o crime foi divulgado na última
quarta-feira (25), na internet, por um dos 33 homens que participaram da
violência. Eloisa Samy Santiago defende a menor junto com a advogada Caroline
Bispo.
O Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro (MP-RJ) já havia se manifestado favoravelmente ao desmembramento
do inquérito. Na noite de ontem (28), os promotores do MP se reuniram com as
advogadas da adolescente, que fizeram questionamentos em relação às
investigações da Polícia Civil e a forma como o delegado Alessandro Thiers, da
Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), vinha atuando no caso,
segundo elas “de forma machista e misógina”.
Os promotores atenderam a três
dos pedidos das advogadas, inclusive sobre a necessidade de desmembramento do
caso, mas não se posicionaram contra o afastamento do delegado por entender que
essa era uma atribuição da polícia civil.
Na nota, o MP disse que
“Independente da decisão judicial”, o promotor de Justiça Bruno Lavorato iria
expedir ofício pedindo que a investigação sobre o estupro seja conduzida
“apenas pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV)” e que as
investigações fossem desmembradas, “remetendo-se para a DCAV, Delegacia de
Polícia especializada em crimes desta natureza, a investigação do delito de
estupro, ficando a cargo da DRCI APENAS o delito de divulgação do vídeo
referido;
Também determinou que uma medida
cautelar assecuratória, em favor da vítima, por analogia às medidas protetivas
da Lei Maria da Penha, “tendo em vista o temor à sua integridade física, moral
e intelectiva, certo que há notícias de que um dos possíveis autores,
denominado de Rafael Belo, vem se aproximando da mesma, a fim de intimidá-la” e
com isso dificultando o andar das investigações”.
O Ministério Publico também se
mostrou favorável a que se averigue se o delegado da DRCI infringiu, durante o
depoimento, o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Operação Policial
Paralelamente ás investigações no
âmbito da Polícia Civil a respeito do estupro da jovem, moradora da zona oeste
da cidade, a Polícia Militar desencadeou na manhã de hoje uma grande operação
na tentativa de localizar os suspeitos do estupro.
A operação cumpre determinação do
Comando da Corporação e envolve cerca de 70 agentes das policiais Militares do
Grupo de Ações Táticas de todas as unidades e envolve policiais de nove
batalhões da Polícia Militar subordinados ao 2º Comando de Policiamento de
Área, além de outras duas unidades da PM.
A operação foi desencadeada às 7h
da manhã de hoje na comunidade na Comunidade do São José Operário e estão sendo
utilizados 2 cães farejadores, um helicóptero, dois veículos blindados e pelo
menos 14 viaturas.
Comandada pelo 9º BPM (rocha
Miranda), a operação tem por objetivo, segundo nota da PM, “identificar os
criminosos que praticaram o estupro coletivo contra uma menor de 16 anos, para
dar maior sensação de segurança a população e na prevenção e repressão os
crimes de roubo de veículos, roubo de cargas, roubo de rua e o tráfico de
drogas”.
Segundo a nota da PM “não houve
resistência, e as equipes estão fazendo uma varredura na comunidade “em busca
de indivíduos suspeitos, armas e drogas. Até o momento a Polícia Civil não
divulgou um balanço da operação.
Edição: Maria
Claudia