Tempo é capital raro
É
lamentável estes primeiros noventa dias de governo. Em verdade, primeiros 150 dias de governo,
contando desde o primeiro mês pos eleição, novembro 2012. Nossa recomendação,
pelos problemas que seriam encontrados dos desmandos das gestões anteriores,
deveria ter-se começado a trabalhar uma semana após os resultados da eleição
estarem consolidados.O prefeito, Valmir da Integral ainda não se posicionou
quanto ao futuro de Parauapebas e nem sinalizou quais serão suas ações para
evitar o caos que se avizinha. A Câmara dos Vereadores esta aprisionada e sem
rumos. Não adianta criticar Valmir, acusá-lo disso ou daquilo porque nesta
cidade todos conhecem as ações do Valmir. Acontece que agora ele é o prefeito
de Parauapebas, eleito com mais de 49 mil votos. É a chance histórica que ele
tem para se redimir. É um sobrevivente. Sobreviveu as loucuras da VALE (certo
que com nossa participação nos piores momentos). Sobreviveu e se reinventou
após a separação. E vai sobreviver a este momento especial na sua vida, tem
determinação e carisma. Entendo que todos temos que respeitar este cidadão.
Acusações fúteis e outras ações não avançam, poder é poder. Atualmente
administra uma conta de um bilhão de
reais, quinhentos milhões de dólares e crescendo.
Numa
cidade sem oposição e repleta de homens maus, apenas denuncias não resolvem.
Trata-se de uma cidade industrial e já postamos aqui o que acontece com quem
perde tempo apenas acusando ou denegrindo. Esta imensa população que incha
nossa cidade e a faz cada dia mais violenta, não esta nem ai para política. A
prova disso foi a sobrevivência da BEL por oito anos, seguidos de mais oito de
DARCI LERMEN. Somados são dezesseis anos e no final, ficou o vácuo de poder e
de personalidade com a prefeitura caindo no colo de Valmir. Praticamente todos
que lhe deram este presente já foi traído ou tem alguma reclamação grave a
fazer. E isto apenas nos primeiros noventa dias (ou 150 dias, depende do
observador) dos 1460 dias do primeiro
mandato. Ou seja, se nem licitar este governo esta podendo, fica patente que
seu tempo acabou. Temos que pensar agora é o que queremos para depois de
Valmir.
Não
devemos perder tempo falando mal dele. Vamos pensar no após, não permitindo que
novamente aconteça o vazio de poder e personalidade. Não se trata agora de esperar
algo de quem não fez planejamento para após a eleição. Que não conhecia e nem
faz esforços para melhorar seu compromisso com a sociedade.
Na
verdade, fizemos este planejamento: PARAUAPEBAS, A CIDADE VERDE, com todas as
diretrizes de execução, conforme já publicado neste blog. Resolvemos publicar o
protocolo de transmissão de poder, norteando as ações da comissão de transição.
Valmir da Integral poderia ter despachado
no primeiro dia de governo, houve tempo para isto após a eleição. Como
somos uma consultoria local, analisamos as passagens de Chico para Bel e de Bel
para Darci. Levantamos todos os problemas deixados, a modernização da lei de
responsabilidade fiscal e o principio da anualidade das leis. Preparamos tudo,
em vã promessa de prestar serviços a cidade, mas não fomos ouvidos e nem sequer
se negociou, após meses e meses de estudos e preparação do projeto. Local. Este
protocolo tinha como principal objetivo a operacionalidade da nova gestão
frente a dois requisitos legais: a lei orçamentária e a subseqüente dotação
para 2013, feita pelo governo anterior. Armadilhas, princípios gerencias e
administrativos, negociações e negociatas embutidas no orçamento poderiam
travar a máquina pública. Levando em conta nosso conhecimento de quem foi
eleito para gerir o orçamento, sabíamos de antemão que o exemplo seria a gestão
da Integral. Podem observar que todos os escolhidos seguem o padrão Integral de
serviços. Aliado ao adiamento ad infinitum para solucionar problemas, a trava
do orçamento do governo anterior mais os empecilhos e rearranjo de poder, daria
no que deu. Não se trata de falar depois, temos vários posts neste blog,
alertando a sociedade e a equipe de transição.
A
cara desse governo: quem liderou a equipe de transição? Um advogado de Belém.
Como foi a ação dessa comissão? Sentada numa sala. Recebendo informações
filtradas pela esperta e experiente equipe do PT. Quem desse novo governo teve
a humildade de procurar Odilon, Miquinha, Euzébio ou outro qualquer para
verificar a possibilidade de ainda interferir no orçamento 2013? Onde estava o prefeito ou
sua equipe de frente? Ano passado, ainda era possível ter-se trabalhado, ganhar uns dois anos extras
de tempo, analisando o orçamento, o planejamento plurianual e as destinações urgentes
de 2013. Aconselhamos, descrevemos os riscos no planejamento solicitado,
citamos a leis e suas alterações, demonstramos pelo estatuto das cidades quais
seriam os primeiros desafios da administração atual e nada.
Nada
se moveu no paraíso da vitoria passageira e servil. Porque é apenas isto:
política é a arte de servir e a arte da
passagem. Como num ritual, o tempo passa rápido. Quatro anos são quatro dias.
Os desafios são tremendos para quem tem seu primeiro mandato.
Lembro-me
o primeiro ano do Governo Lula. Numa conversa informal com Valmir ele, rindo me
perguntou pelo tal Lula, que não estava fazendo nada de novo, apenas repetindo
FHC. Pedi a ele para esperar. Lula, como estadista de alto nível que era e é,
estava desarmando as armadilhas de Fernando Henrique, deixadas para trás de
propósito. É a política. Naquele primeiro ano
Lula não mudou nada. Cumpriu o orçamento, respeito os acordos e
contratos, demonstrou ali o que é servir
a um projeto maior: respeitando acordos, promessas e a lei.
Quando
o governo Valmir resolveu cortar gastos, todos foram apanhados de surpresa. A
Integral sim, com um orçamento limitado, pode-se enxergar gastos com
facilidade. Mas a máquina pública municipal, com sua complexidade
administrativa, cortar gastos sem conhecer o orçamento, os acordos da gestão
anterior e que pela lei, seguem, foi muito estranho. Louva-se a economia, mas
como estamos vendo, estes cortes estão apenas atrapalhando a imagem desse
governo. A sociedade civil não vai receber estes cortes de volta. Até agora foi
cortado verba de convênios miseráveis, como o carnaval, as associações
esportivas que deveriam ser orgulho de Parauapebas e feito algum investimento
no sistema de água da cidade. Ate
entidades filantrópicas respeitáveis como APAE, SORRI Parauapebas estão e foram
penalizadas pela inoperância ranzinza do “novo” governo municipal. Os canais
por onde escorrem nossos recursos estão abertos, a vista de todos. Valmir
precisa aprender como funciona a política e seus custos.
A
eleição ocorreu sem percalços e a equipe de Valmir sabia que ganhariam. Não se
preparam para governar. A preocupação é que a cidade esta parando e quando o
tranco do fazer chegar, a insatisfação estará maior, as negociações serão mais
apertadas. O maior erro dessa gestão, é trazer um secretario de planejamento e
sua equipe de fora. Não temos nada contra, absolutamente. Mas eles estão
aprendendo ainda como fazer. Utilizam um capital de que não dispõe. O valoroso
capital chamado tempo. Quando perceberem pode ser muito tarde. Já é muito
tarde, não teremos as obras necessárias. Publicamos em recente os tempos
estimados para se tirar uma simples escola do papel. O hospital municipal é o
grande exemplo quando falamos que esta gestão não tem mais tempo. São oito anos
de obras e ainda longe de utilização.
Parauapebas
tem 25 anos. Há 25 anos cresce em media 18%. Não tem como administrar este crescimento,
com os recursos, conhecimento e tempo que dispomos. Os políticos são vaidosos,
mesmo sem saber vão fazendo de qualquer jeito. Aceitam conselhos apenas do seu
grupo de confiança, não olham a cidade como moradores e sim como eleitos. Esta
Parauapebas é apenas uma imensa favela. Tornou-se uma favela feia, desajeitada,
sem esgoto, sem água, sem eletricidade, sem condições de saúde, higiene. É uma
cidade suja e escura. É um problema da VALE. É um problema nosso e não
assumimos. Este crescimento tremendo, apenas gera mais insegurança e miséria.
Quando
uma prefeitura distribui lotes, terrenos, doa casas, cesta básica, ela esta na
verdade selecionando seus moradores. É fácil vir para Parauapebas, pode invadir
terrenos, ocupar áreas de risco, ganhar um imóvel e depois vender. E entrar na
fila de novo. Conhecemos pessoas que invadiram os terrenos da APPP e ainda
ganharam lotes do governo municipal. E ainda tem casas em outros bairros. Esta
população que chega todo dia, aumenta a pressão por serviços. Precisamos de
políticas de curto, médio e longo prazo para Parauapebas.
Estudos
recentes da Secretaria de Agricultura apontam para a manutenção do crescimento
chinês da cidade: em 2020, teremos 700 mil habitantes. Hoje já somos 260 mil
habitantes. E crescendo. Um governo que não age, apenas compromete o dia a dia
de todos nos. Se houvesse oposição, se soubéssemos fazer política ou se a
sociedade civil estivesse organizada, diante de todas estas pressões se poderia
propor o impedimento de Valmir da Integral. Não somos esta sociedade e devemos
deixar o homem acabar seu governo. Vai usar um capital que não tem, o tempo.
CAMARA
DOS VEREADORES
Quanto
a estes nobres senhores, é perda de tempo cobrar algo também. Tem seu próprio
jogo, dão bem seu show e sabem cobrar por ele. Todos os desmandos dessa
assembléia provêem do seu gordo orçamento e do custo exorbitante de seus
membros. Estão imobilizados, porque estão gordos. Pela experiência o governo
Valmir deveria se aproximar de desses vereadores, trazendo-os para seu lado, o
assunto é a governabilidade. E não custa nada, mesmo se as negociações
frustrarem o executivo.
Os
novos vereadores, pelo levar da carruagem nestes primeiros noventa dias, não
serão reeleitos, se continuarem fazendo política de botequim. São imaturos e
carregam a mesma ignorância e prepotência dos anteriores. Dificilmente
aprenderão que o poder de cada um, esta limitado ao brilho dos outros. Não se
destacam porque não tem uma luta especifica, apenas ambição de poder por poder.
Não se comportam como moradores de Parauapebas. Sua retórica e posicionamentos
é de quem não conhece as mazelas e possibilidades de Parauapebas. Tudo,
executivo e legislativo, estão apenas de passagem, não vão alterar a paisagem.
Nada mais importa nesta cidade de loucos e perdidos. Ninguém quer saber de uma
solução social. As negociatas e o dinheiro público, não tem dono ou controle,
cada um na sua vez.
Medir
o grau de satisfação dos eleitores em relação a ação do atual prefeito, seria
um poderoso indicador para as ações certas da sociedade no destino desta
gestão. Um estudo local, detalhado, indicaria as possíveis vertentes ao próximo
pleito ou soluções para este governo.